O óbvio precisa ser dito
Desde que eu comecei a empreitada da reeducação alimentar, venho procurando ferramentas que me ajudem a tornar esse processo menos penoso. Conversando com uma amiga sobre essa busca, ela me sugeriu a leitura de O poder do Hábito, do jornalista Charles Duhigg.
Desesperada que estou, abracei a ideia, mesmo pouco confiante na efetividade da leitura. Eu não sou uma grande entusiasta dos livros de autoajuda e tenho até um certo preconceito… Bom, contrariando minhas expectativas, eu não só me envolvi com a leitura, mas ela me levou a repensar as engrenagens que mantém minha vida como um todo…
Isso porque o livro explica como os hábitos são construídos, quais as etapas que o procedem e elucida as recompensas emocionais que recebemos ao completar esse ciclo. Assim, eu me desafio a me observar e entender os caminhos que minha mente cruza antes de recorrer a um hábito que quero combater… É simples e parece óbvio, mas é aquele ditado…
O óbvio precisa ser dito.
Dentre todas as novas informações, o que me surpreendeu foi que, segundo o livro, muitas vezes ao mudar um único hábito destrutivo a gente consegue romper outros ciclos que estão correlacionados. Se é papinho ou não, eu não sei, mas estou escolhendo acreditar e refletir sobre o que mais eu posso fazer, dentro dos outros âmbitos da minha vida… Inclusive o profissional.
Quem diria, né? Eu só queria aprender a comer salada sem tanto sofrimento e de repente descobri a importância dos engenheiros para prescrever falhas em processos e formas de transformá-los em acertos. E isso explodiu a minha limitada cabeça de humanas.
Pra começar, veio a observação. O que eu faço? Eu trabalho com comunicação. Nesse meio, uma das questões mais comuns que vejo é justamente a dificuldade de seres humanos em se comunicar de forma assertiva. E eu não tenho vergonha de me colocar neste bolo…
Você precisa ser firme, mas cuidado com o tom, porque senão vão te chamar de grossa – principalmente se você for mulher, mas essa é uma conversa pra outro texto. Você precisa ser cordial e querida com as pessoas, mesmo quando elas forem ignorantes com você… A lista é aptidões é tão extensa quanto os obstáculos. Jornadas de trabalho longas, privação de sono, estresse e sobrecarga – e eu sei que não é só no audiovisual, viu. Mas enfim, qual a chance de rolar algum conflito no meio disso?
Enquanto você pensa nisso, eu vou explicar o insight que O poder do Hábito me trouxe. A gente precisa diagnosticar um problema central, que desencadeia as outras questões. Se a gente contorna esse problema, o ambiente se transforma e a relação entre as pessoas também muda. Assim, resultados melhoram. Às vezes o detalhe que a gente pensa ser mais insignificante faz toda a diferença e gera mais lucro… Eu não estou parecendo uma administradora falando? Ou uma coach?
Pois bem. Em meio às infinitas reflexões, me parece urgente aprendermos a partilhar. Responsabilidade, vontade de fazer dar certo, e porque não afetos?
Essa corrida interminável por reconhecimento já é cansativa demais. Ter que atravessar sozinha, sem contar com o apoio de quem está no mesmo caminho que você pode ser desolador. Quanta angústia a gente pouparia se aprendesse a enxergar nossa equipe como um time? Será que eu estou sendo muito idealista?
Talvez, mas sonhar é de graça, né? Eu prefiro olhar as pessoas ao meu redor, entender seus pontos fortes e aproveitá-los. Observar outros colegas e incorporar as suas técnicas que me parecem funcionais. Romper com ciclos que não acho mais funcionais. Colecionar aliados.
Sei lá, 2024 está começando, o calor em São Paulo está surreal e eu preciso me apegar em algo. Por isso, eu fico atenta. Situação, ação desencadeada, recompensa. Observar, absorver e ignorar. Faz sentido?